Voltando do trabalho, certa forma feliz da vida com minha sacola do supermercado, reparei o céu. Cinza à bombordo e uma linda mescla a estibordo de branco de nuvem, roxo de fenômeno de refração pelos entremeios e mais abaixo aparecendo debaixo das nuvens mais baixas, num canto da moldura um amarelo que contornava nuvem e prédios, e finalmente um azul claro sobre os telhados das casas. Aí nessa hora exclamei a mim mesmo um coisa que há bastante tempo não exclamava "massa estar vivo".
Numa conversa com minha quarta parede sobre como a gente (é sim capaz de sentir isso às vezes), despertei uma curiosidade. Ultimamente tenho visto bastante as pessoas reverenciando esse céu, nunca vi céu mais lindo, meu deus esse céu, ver na foto não é a mesma coisa. Numa curiosidade estranha me perguntei disso, não lembro de ter visto tantos céus bonitos tão freqüentemente, muito menos pessoas alardeando sobre isso. Com tanta ironia e chistes por aí sobre fim de mundo, sobre gente que a gente nunca achou que fosse morrer e morreu, sobre "sinais" e sobre não sei o que mais fiquei pensando na ironia de tanto presente em forma de nuvem e cor.
Talvez seja mais um prenúncio, uma última chance de se regozijar sobre a beleza da Criação, um último conforto. Sendo céu a última casa, sendo o céu o primeiro a se tingir nos dias Últimos. Ou talvez, seja justamente Deus, Allah, Brahma, Olorum, Amaterasu, que seja, mostrando que tudo ainda vai estar aí, como em uma promessa.
Para ler ouvindo: SILVA - 2012